Intolerância Religiosa: Governo de Alagoas lança campanha para promover respeito às religiões de matriz africana
O estado de Alagoas lembra nesta data o triste episódio conhecido como Quebra de Xangô, marcado por atos de intolerância religiosa há 112 anos. Em homenagem a esse evento, o Governo de Alagoas lançou a campanha “Xangô – Fé e respeito” nas redes sociais, com o objetivo de conscientizar e promover o respeito pelas manifestações religiosas, especialmente as de matriz africana.
Valorização das Tradições
O estudante de História e abian do Axé Pratagy, Alan Cerqueira, destaca a importância de celebrar a força e a resistência das religiões de origem africana neste dia. Além de exigir respeito às raízes afro-brasileiras, é crucial reconhecer o papel dessas religiões na cultura e sociedade brasileiras.
A campanha não só busca combater o racismo religioso, mas também divulgar os serviços da Delegacia Especial dos Crimes contra Vulneráveis Yalorixá Tia Marcelina, estrutura dedicada a apurar casos de violência contra praticantes de religiões de matriz africana em Alagoas. A Semudh acompanha as denúncias e oferece suporte jurídico às vítimas.
Conscientização e Mobilização
O superintendente interino de Políticas para a Igualdade Racial da Semudh, Jonathan Silva, ressalta que a campanha é parte de uma estratégia para promover a convivência harmoniosa entre diversas crenças, especialmente valorizando as tradições africanas. A iniciativa visa educar, conscientizar e mobilizar a população contra a discriminação religiosa, promovendo um ambiente de tolerância e respeito à diversidade.
O babalorixá Célio Rodrigues destaca a importância de manter viva a memória do Quebra de Xangô para evitar que eventos semelhantes se repitam. A campanha procura educar e informar o público sobre as religiões de matriz africana, além de mobilizar a sociedade civil no combate à intolerância religiosa.
Memória Histórica
O episódio da Quebra de Xangô, em 1912, resultou na invasão, espancamento e prisão de praticantes de candomblé, umbanda e outros cultos em Alagoas. O governo à época causou o fechamento de terreiros e a dispersão de líderes religiosos, levando ao silenciamento das práticas religiosas. Em 2012, o Governo de Alagoas pediu oficialmente perdão pelo Quebra de Xangô, reafirmando o compromisso com a promoção da tolerância religiosa.