Uma parceria entre pesquisadores brasileiros e a Fundação Bill & Melinda Gates visa desenvolver novos medicamentos contra a malária, uma doença que afeta milhões de pessoas no mundo. O convênio, assinado nesta quarta-feira (31), prevê um investimento de US$ 1,5 milhão para o projeto, que será coordenado pelo Centro de Pesquisa e Inovação em Biodiversidade e Fármacos (CIBFar), vinculado à Universidade de São Paulo (USP).
A malária é causada por parasitas do gênero Plasmodium, transmitidos pela picada de mosquitos infectados. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2019, houve 229 milhões de casos da doença e 409 mil mortes, principalmente na África. O Brasil registrou cerca de 157 mil casos e 55 óbitos no mesmo ano.
O objetivo do projeto é identificar novas moléculas que possam ser usadas como candidatas a fármacos contra a malária. Para isso, os pesquisadores vão utilizar uma plataforma de triagem de alto rendimento, que permite testar milhares de compostos em um curto período de tempo. Os compostos serão selecionados a partir de uma coleção de mais de 30 mil substâncias naturais e sintéticas disponíveis no CIBFar.
Os testes serão realizados em duas etapas: na primeira, serão avaliados os efeitos dos compostos sobre as formas sanguíneas do parasita, que são responsáveis pelos sintomas da doença; na segunda, serão testados os compostos que apresentarem atividade contra as formas hepáticas do parasita, que são as responsáveis pela infecção inicial e pela reativação da doença.
Os pesquisadores esperam encontrar moléculas que sejam capazes de eliminar tanto as formas sanguíneas quanto as hepáticas do parasita, o que poderia levar ao desenvolvimento de novos medicamentos que possam curar a malária com uma única dose e prevenir a reinfecção.
O projeto conta com a participação de cientistas do CIBFar, do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A parceria com a Fundação Gates faz parte do programa Grand Challenges Explorations, que apoia projetos inovadores na área da saúde global.
