Revelações de Comandantes Militares Expõem Trama para Impedir Posse de Lula
O ex-comandante da Aeronáutica, Carlos Almeida Baptista Júnior, revelou à Polícia Federal que o ex-comandante da Marinha, Almir Garnier Santos, colocou suas tropas à disposição de Jair Bolsonaro para tentar impedir a posse do presidente Lula. Em depoimento, Baptista Júnior afirmou que Garnier concordou com as ideias propostas pelo então mandatário durante reuniões com os comandantes das Forças Armadas.
Segundo Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, Garnier também se colocou “à disposição” de Bolsonaro durante discussões sobre minutas golpistas. Em encontros que contaram com a presença do então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, as propostas de Bolsonaro incluíam a criação de uma comissão de regularidade eleitoral para apurar a legalidade do processo eleitoral.
Em uma das reuniões, Bolsonaro apresentou uma versão do documento que previa o estado de defesa e a criação da comissão, a qual Freire Gomes e Baptista Júnior se posicionaram contrários. Ainda há relatos de um encontro no Ministério da Defesa no qual medidas para impedir a posse de Lula foram debatidas, com o ministro apresentando uma minuta mais abrangente que também foi contestada.
Ex-Comandante da Marinha sob Investigação
As declarações de Baptista Júnior e Freire Gomes corroboram com as afirmações do tenente-coronel Mauro Cid, que relatou que Garnier havia concordado com a ideia do golpe. O ex-comandante da Marinha foi alvo de mandados de busca e apreensão em fevereiro, após a PF receber informações de Cid.
A PF informou ao STF que Garnier participou de uma reunião no Palácio da Alvorada, em dezembro, na qual Bolsonaro discutiu uma minuta de decreto golpista com chefes militares e auxiliares. Como parte das medidas cautelares, Garnier teve que entregar seu passaporte e está proibido de deixar o país e de manter contato com outros investigados.
As revelações feitas pelos ex-comandantes das Forças Armadas lançam luz sobre as tentativas de interferência no processo democrático e levantam preocupações sobre o papel das instituições militares na política nacional. A investigação em curso busca esclarecer até que ponto as Forças Armadas estavam dispostas a agir em desacordo com a ordem constitucional, em defesa de interesses políticos.
Esses acontecimentos ressaltam a importância da transparência e da vigilância constante sobre os poderes constituídos, garantindo que a democracia brasileira seja preservada e fortalecida contra ameaças internas e externas. É fundamental que os órgãos de controle atuem com rigor para investigar e punir eventuais desvios de conduta, reafirmando os princípios democráticos que regem a sociedade brasileira.